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Silvana Nardello Nasihgil

A dor do amor não correspondido e do abandono emocional

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A dor do amor não correspondido e do abandono emocional é uma das piores dores que se pode experimentar.

Ouço isso quase todos os dias e sinto que independente de qualquer coisa: idade, sexo, posição social, religiosa, acadêmica, seja como for, todo ser humano ao não ter suas expectativas supridas, sofre, sofre tanto que tudo ao seu redor deixa de existir, de fazer sentido.

A vida trava e nada que se diga pode acalentar a dor, dor que responde no corpo, na alma e em cada célula da existência. Parece impossível continuar, o mundo embaça e tudo perde a cor.

Esse sentimento de vazio e abandono é um luto da perda do projeto, da expectativa e de tudo o que criamos para sustentar a ideia de futuro.

O lado consolador desse estado de sofrimento é que não dura para sempre. Primeiro vem a revolta, a incompreensão do que aconteceu, depois vem a culpa, busca-se o culpado para a desordem toda, e com o passar do tempo vai-se compreendendo que muitas vezes nem existe um culpado; as contingências da vida encaminharam para o fim.

O tanto faz, o pensar que a relação está ganha a sensação de ser propriedade do outro, faz com que muito do esforço da conquista perca a força e se torne uma rotina sem emoção, sem nada de novo e isso vai gradativamente fazendo o interesse se dissipar.

Mais um pouco de tempo e o pensamento começa a se alinhar, a vida precisa continuar e então vem a racionalização dos fatos, a acomodação dos sentimentos, e toda a confusão emocional começa a ter um novo espaço no sentir.

Muitas vezes descobrimos onde erramos, o que deixamos de fazer e o que fizemos em excesso. Paramos de culpar o outro, passamos então a entender muito daquilo que as emoções ocultaram e impediram de ser compreendido.

E um dia tudo aquilo que parecia não ter fim começa a não ocupar mais todos os espaços, a vida começa a fazer sentido de novo.

Conhecemos outras pessoas, nos distraímos com o trabalho, amigos, família e redescobrimos a vida e as inúmeras possibilidades.

Um dia acordamos e sentimos que existe mundo além do sofrimento e que tudo pode ser novo outra vez.

Quando nos restabelecemos precisamos olhar o viver com um novo olhar, com mais maturidade, buscando não repetir os mesmos erros, valorizar mais as pessoas que se importam conosco, se autorespeitar, se amar mais, retribuir os afetos, se comprometer mais, criar laços e sintonia, não se perder em besteiras, criar projetos e partilhar sonhos.

Uma vida em sintonia e harmonia com um par pode ser para a vida toda, e tem possibilidades infinitas que assim seja. Importa saber que isso não depende só do outro, temos responsabilidade da metade da história.

Se um dia encantou, se fez sentido, se fez sentir, se os projetos e sonhos pareciam alinhados, qual a razão de permitir que tudo isso se perca no caminho?

Se não coube desde o começo, precisamos ter maturidade emocional para identificar e não seguir onde não se cabe. Isso evita adoecimento e sofrimento desnecessário.

É preciso pesar sobre isso, reavaliar a vida, o viver e o conviver. Se não tiver jeito, se não foi amor, se as diferenças são imensas que impedem a convivência, deixa ir.

Se houve amor, se o coração ainda sinaliza que existe amor, apesar do momento difícil, então ainda pode ter jeito. Faça acontecer!

Por Silvana Nardello Nasihgil. Ela é psicóloga clínica com formação em terapia de casal e familiar (CRP – 08/21393)

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