O Presente
Pitoco

O alçapão da Serpente

calendar_month 6 de abril de 2025
8 min de leitura

Projeto a ser apresentado ao prefeito Renato Silva rotaciona o campo do Olímpico, aproxima o torcedor do jogador e distancia infinitos boletos dos cofres públicos

Projeto do arquiteto Nilson Gomes Vieira promove a rotação do campo, trazendo o lance para mais perto da torcida, gerando o “alçapão da Serpente”: a bola está com o prefeito.

Exatamente um ano atrás, em março de 2024, o Olímpico estava em “cartaz”. 250 metros de fios de cobre que alimentavam a iluminação das torres do estádio foram roubados pela enésima vez. O furto ameaçou a realização da partida entre Cascavel e Maringá, agendado para a noite da ocorrência.

Desde sempre o alarido que vem do estádio não é da celebração do gol, e sim de mais vandalismo, mais furto, mais despesas para os pagadores de impostos que abastecem os
cofres da Prefeitura de Cascavel. No formato em que está, o estádio se transformou no legítimo elefante branco – com perdão à eventual ofensa ao paquiderme ariano.

A concessão do “elefante” e sua longa tromba para iniciativa privada voltou à pauta. A diretoria do FC Cascavel encomendou um estudo de revitalização para o projetista
original do estádio, arquiteto Nilson Gomes Vieira. A principal mudança é a rotação do campo, de forma a trazer a torcida para mais perto do lance.

“Queremos que o torcedor sinta a energia e o calor das partida, que se emocione. Isso faz toda a diferença para quem assiste e para os atletas também. O estádio Olímpico põe
a torcida muito longe do lance”, diz o presidente do FC Cascavel, Valdinei Antonio da Silva.

ARENA MULTIUSO

Antes porém de edificar o “alçapão da Serpente”, onde o cobrador de pênalti da equipe adversária treme ao ouvir o estridente guizo da cobra, será preciso convencer os gestores públicos dos benefícios de uma concessão.

O projeto elaborado por Nilson Gomes otimiza os espaços, cria ambientes para pontos comerciais, shows musicais, amplia a área de estacionamento, traz conforto e comodidade para os torcedores e o principal: elimina um custo fixo dos cofres públicos. Trata-se de uma arena multiuso, compatível com o formato de praças esportivas contemporâneas.

SERPENTE PRONTA

A ideia a ser proposta ao prefeito Renato Silva é uma concessão pública de 30 anos aberta aos interessados e concorrentes. O FC Cascavel já decidiu que irá disputar o certame, caso o “elefante” seja ofertado à iniciativa privada. E irá executar o projeto com recursos próprios.

A Serpente tem credenciais para gerir o estádio que agora leva o nome do ex-prefeito Jacy Scanagatta: o FC Cascavel não tem um único boleto atrasado, ao contrário, tem créditos milionário a receber, zerou o passivo trabalhista e dívidas herdadas, avançou em tratativas de patrocínio com players nacionais, e ostenta um caixa robusto na casa dos milhões de reais.

E, antes de tudo, é o time da casa, do coração do torcedor cascavelense.

PITACO DO PITOCO

Onde os hipertrofiados braços do poder público devem alcançar? Na vaga da creche, na unidade saúde, na segurança pública, ou no campo de futebol?

Não se trata de um derby ideológico, na linha clássica “mais Estado x menos Estado”. Se trata de entender que o boleto pago no futebol poderia estar aplicado na imensa fila da cirurgia.

O Olímpico não é um ativo público. Antes, é um passivo oneroso e ocioso, relegado às ninhadas de quero-queros e tungadas da máfia do fio de cobre, entre outros. Não é uma decisão difícil.

A bola está na marca do pênalti, e o jogador escalado para fazer a rede balançar é o camisa 22, Renato Silva. Capricha na pontaria, prefeito!

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

Guri de Pato é o candidato do Rato?

Alternativamente ao Iguaçu poderia-se perguntar: Guri de Pato pra enfrentar o Marreco?

Ratinho cumprimenta Guto logo após nomeá-lo para a secretaria que dá musculatura para candidatos Alternativamente ao Iguaçu

O derby no futsal do Sudoeste do Paraná confronta Pato e Marreco, entenda-se, Pato Branco x Francisco Beltrão. O clássico poderá ser replicado na disputa pela principal cadeira do Palácio Iguaçu no próximo ano.

Ao nomear, nesta semana, o ex-vereador de Pato Branco, Luiz Augusto da Silva, o Guto, para a estratégica (eleitoralmente) Secretaria das Cidades, o governador Ratinho mandou um sinal para o mercado eleitoral: o candidato dele (Rato) é o guri de Pato.

Na outra raia da lagoa está o “Marreco”, como os desafetos apelidaram o senador Sergio Moro, líder nas pesquisas de intenção de votos. Configura-se então embate do Pato contra o Marreco, replicando a rivalidade entre as duas principais cidades do Sudoeste do Paraná.

Havia outros candidatos para a apetitosa secretaria das Cidades, como o ex-prefeito de Curitiba, Rafael Grecca (acomodado por hora na secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável) e o cascavelense Leonaldo Paranhos, que acabou nomeado para a Secretaria de Turismo.

O fetiche político pela Secretaria das Cidades tem razão de ser. É a pasta de maior visibilidade e capilaridade. Ali tem R$ 1,6 bi para pavimentar dezenas de cidades com até 50 mil habitantes, projeto que leva iluminação em LED para 399 municípios,
financiamento de obras urbanas, universalização do esgoto e a Cohapar, todos sob o mesmo guarda-chuva.

Por essas razões que o indicado para a pasta seria rapidamente interpretado como candidato de Ratinho Junior à sua sucessão, ritual político que o próprio governador seguiu. Antes de fazer o ninho no Iguaçu, Ratinho foi secretário da pasta.

Em tempo: será preciso combinar com Alexandre Curi, o presidente da Assembleia Legislativa, que também reinvidica a candidatura a governador no grupo governista.

QUEM É GUTO?

Guto Silva nasceu em Maringá, no verão de 1977. Antes de ingressar na política, construiu carreira como consultor internacional, atuando em mais de 65 países. Foi o vereador mais votado de Pato Branco, em 2008. Em 2014, foi eleito deputado estadual, reeleito, em 2018. Foi secretário da Casa Civil e do Planejamento. Guto coordenou a campanha reeleitoral de Ratinho em 2022.

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

Pedágio chega no Dia das Mães

Já há indicativo de data para começar a cobrança na região Oeste; desta vez o contrato não será uma mãe para as concessionárias, avaliam lideranças

Siro Canabarro: “Trata-se de um contrato bem feito, maduro, em que as partes fizeram o dever de casa”

O contrato do lote 6 das novas concessões rodoviárias será assinado no próximo dia 11 de abril. 30 dias regulamentares depois, a concessionária EPR, vencedora do leilão de único lance, já pode começar a cobrança do pedágio.

Ou seja, a cobrança começa no segundo domingo de maio, no Dia das Mães. No último dia 14 lideranças do G8, grupo que reúne algumas das principais entidades de Cascavel, receberam a diretoria da concessionária na sede da Acic.

A conversa trouxe relativo otimismo para as lideranças empresariais. Imagina-se que –
embora as datas coincidentes – o contrato dessa vez não será uma “mãe” para a concessionária.

“Trata-se de um contrato bem feito, maduro, em que as partes fizeram o dever de casa.
Traz a segurança que o anterior deveria ter”, avaliou o presidente da Acic, Siro Canabarro.

O encontro permitiu ao G8 compartilhar inquietações e ruídos gerados na região a partir do ínfimo desconto obtido sobre a tarifa no leilão do lote 6, cujas principais rodovias estão no Oeste e Sudoeste do Paraná: 0,08%.

O diretor-presidente da concessionária, Marcos Moreira, atribuiu a baixa concorrência no certame ao cardápio de obras sobrecarregado do lote. Ele deu a entender que não houve competição em razão dos desafios inerentes aos aportes bilionários necessários para tocar as obras. Serão R$ 20 bi em 662 quilômetros concedidos.

Neste aspecto, as lideranças do G8 trouxeram a preocupação com o apagão de mão de obra e mesmo de equipamentos para dar conta de tantas frentes de obras concentradas nos primeiros anos do contrato.

E também aventaram a possibilidade de o governo federal, prefeituras ou de empresas como Itaipu assumirem parte das obras para baixar as tarifas. Essa possibilidade está admitida no contrato. O que é inegociável, e ficou claro no encontro, é a majoração em 40% da tarifa nos novos trechos duplicados.

OS NÚMEROS

A média de tarifas obtidas após os leilões em lotes concedidos no Paraná ficou em 13 centavos por quilômetros. Há trechos de até 11 centavos. Mas no lote 6, sem concorrência e sobrecarregado de obras, o custo será de 17 centavos por quilômetro.

O Observatório das Concessões da Federação das Indústrias do Paraná (FIEP) elaborou uma base de cálculos já corrida pelo IPCA do período. Assim, a tarifa em São Miguel do Iguaçu será de R$ 17,10. Na praça de Cascavel, R$ 14,80. O pedágio mais caro será na nova praça de Lindoeste, rodovia 163: R$ 18,20. Já em Céu Azul será de R$ 17,10, cálculos válidos para veículos de passeio. Sobre esses valores, incide um desconto de 5% para veículos providos de TAG.

Por Jairo Eduardo. Ele é jornalista, editor do Pitoco e assina essa coluna semanalmente no Jornal O Presente

pitoco@pitoco.com.br

 
Compartilhe esta notícia:

Este website utiliza cookies para fornecer a melhor experiência aos seus visitantes. Ao continuar, você concorda com o uso dessas informações para exibição de anúncios personalizados conforme os seus interesses.
Este website utiliza cookies para fornecer a melhor experiência aos seus visitantes. Ao continuar, você concorda com o uso dessas informações para exibição de anúncios personalizados conforme os seus interesses.