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Fátima Baroni Tonezer

Cilada do século XXI

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Revendo o que escrevi nas últimas semanas, percebi que é importante falar de amor-próprio, exaustão e ambição. E para começar, é preciso falar do básico. A visão que temos de nós, nosso conhecimento e valor próprio não é herdado, é aprendido a partir do que vivenciamos na nossa infância, principalmente. Se você não se conhece, vai ser dependente da opinião alheia em várias áreas da vida.

Sem refletir e encontrar as próprias respostas para perguntas básicas: quem sou eu?, o que eu gosto?, o que eu não gosto?, onde quero chegar?, qual é o sentido da minha vida?, quais são os meus valores?, por que faço o que faço? para quem?, por quem?… a pessoa passa a vida andando sem rumo, seguindo os princípios que ferem sua alma, sua essência, e vive uma vida insatisfeita.

Ao contrário, a pessoa que tem clareza de si pode até ser vista como arrogante, porque consegue colocar limites claros para si e para os outros, não perde tempo querendo agradar todos por não precisar mais do aval externo em tempo integral. Ela conquistou equilíbrio na autoestima com clareza dos seus pontos fortes e fracos.

VOCÊ ACHA QUE O AMOR-PRÓPRIO DÁ TRABALHO?

Frase recorrente em muitas conversas difíceis na terapia. Mas experimente passar a sua vida dependendo do amor dos outros e faça o cálculo. Além do trabalho que dá, a conta de insatisfação e dor é enorme. É aqui que entra a sobrecarga que atinge principalmente as mulheres. O estereótipo de mulher guerreira que dá conta de tudo. Nós somos de carne e osso, cansamos, temos desejos e necessidades bem humanas. Ser guerreira é sinônimo de sobrecarga. Lembre-se disso da próxima vez que ouvir ou falar isso para alguém. Não é elogio. É a constatação da desumanização.

É fato que algumas mulheres gostam de ser chamadas assim, serem vistas como a que dá conta de tudo, que é forte, inabalável. Isto é um assunto à parte. Não é bem assim. E o corpo dá sinais no humor, no sono, na fome, no cansaço e nas doenças. Nós não desligamos nossas telas por nada, mas não ouvimos os gritos e sinais de nosso corpo. Normalizamos ter na bolsa uma sacolinha de remédios, da dor de cabeça e azia a comprimidos para dormir e acordar.

A mulher se cobra, se culpa, quer agradar, faz qualquer coisa para impressionar os outros, não importa o custo para a sua vida e satisfação. E estamos sempre ocupadas.

NÃO CONFUNDA PERFOMANCE COM REALIZAÇÃO!

Parecer a Mulher-Maravilha não faz de nós, seres humanos e mulheres, realizadas e satisfeitas. A opção é clara, ou você escolhe pagar a conta agora do autocuidado ou um dia a conta vai chegar. Porque vai chegar. Você pode escolher por você ou será escolhida.

A estratégia é tornar atraente o que é difícil. Quando você sabe onde quer chegar, você enfrenta aquilo que você precisa fazer para ter o resultado que você busca. Para isso, renunciar às recompensas fáceis e rápidas é essencial. Um exemplo: você não resiste a doces? Não compre e não tenha na geladeira ou no armário. Você procrastina nas redes sociais? Desinstale o aplicativo. Toda vez que você quiser usar, terá que entrar na internet, baixar o app, colocar login e senha. É uma dica de como lidar com o que é necessário, mas não prazeroso. Geralmente, queremos amortecer o tédio na hora. Se tivermos que fazer algo para isso, como sair de casa para comprar um doce, desistimos. E uma forma de lidar com o tédio é fazer o essencial.

Para fugir do cansaço e da exaustão, é interessante estabelecer onde está o suficiente. O suficiente para me sentir segura. O suficiente até onde vou precisar fazer para ter o resultado necessário. Quando chega no suficiente, tem uma recompensa. Delimitar o suficiente passa por 3 “C’s”: Clareza, Capacidade (que vem do conhecimento) e Controle (do que é necessário).

TEMPO PARA TUDO: ATÉ PARA DESCANSAR!

Quando temos a clareza do que é suficiente para cada área da nossa vida, podemos dedicar nossa atenção para outros tempos que não seja o da produtividade. Tempo livre é um exemplo, que é aquele tempo que eu não espero e não cobro resultados. É o não fazer nada, desligar. E tem o tempo de lazer, sem cobranças ou autocobranças. É aquele tempo só para se divertir, dar risadas e relaxar.

Como seres humanos, evoluímos ao redor de fogueiras, contando histórias e sonhando. E esse desacelerar das coisas do dia, das obrigações e resultados, é essencial para nossa saúde mental e física também. E se ainda não me segue no Instagram, @psicofatimabaroni. Vamos conversar lá?

Até a próxima.

Fátima Sueli Baroni Tonezer é psicóloga, formada em Psicologia na Universidade Estadual de Maringá (UEM). Sua maior paixão é estudar a psique humana. Atende na DDL – Clínica e Treinamentos – (45) 9 9917-1755

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